DEFICIÊNCIAS

DEFICIÊNCIAS

Bastante difícil iniciar um texto nelas baseado, sem que o mesmo não soe pejorativo.
Todos nós temos nossas deficiências, em alguns de nós são gritantes, em outros, mais amenas.
Uns apresentam deficiências físicas, as quais algumas vezes podem ser sobrepujadas, combatidas, com muito esforço, dedicação e paciência, tanto da parte do deficiente, quanto de seus amigos e familiares.
Outros têm deficiências menos aparentes, porém, mais graves, as comportamentais.
Somos deficientes para compreender e aceitar as diferenças singelas que nos fazem singulares, únicos.
Também somos deficientes para suplantar nossas mágoas, abandonar velhos e torpes hábitos e estender ao nosso próximo, seja amigo ou não, a mão caridosa da qual o mesmo tanto necessita.
Temos deficiência em aceitar as limitações que nos são impostas pela vida, seja financeira ou espiritualmente.
Somos mesquinhos a ponto de não entender e aceitar os planos e propósitos do Grande Criador para nossas vidas, desenvolvendo uma das piores deficiências: a falta de fé e esperança.
Tristes e revoltados tornamos nossos olhos, ouvidos e os demais sentidos deficientes para as belas coisas a nós proporcionadas diariamente.
Acabamos não mais vislumbrando a vida como ela de fato é, perdemos nossa inocência, seja por imposição ou escolha. Aqueles de nós que insistem em remar contra a maré e conservam parte de sua pureza infantil, acabam sendo severamente discriminados, rotulados tantas vezes como loucos e dementes por aqueles que deveriam considerá-los privilegiados, como de fato são. Magoados, então, optamos tantas vezes pela clausura inquietante de nossas atordoadas e torturadas mentes, tomamos postura sisuda, afinal, nossa sociedade é deficiente em entender e aceitar as pessoas mais sensíveis, que se expõe.
Temos dificuldade para simplesmente sorrir, outras vezes, tornamo-nos deficientes para expor o que e como sentimos pelo nosso próximo, seja no âmbito familiar, sentimental ou profissional.
Tornamo-nos reféns da curiosidade mórbida, que leva-nos a comparar incessantemente nossas vidas com as vidas das pessoas que nos são queridas e a quem admiramos. Em busca de determinado padrão, acabamos desenvolvendo a segunda mais grave deficiência a meu ver: a falta de gratidão.
Amargos, pessoas de dificílima convivência, entregamo-nos aos vícios, aos prazeres fugazes que a vida então passa a nos oferecer, e acabamos desenvolvendo a deficiência de renunciar a algumas situações, muitas vezes perdendo oportunidades, por não conseguir identificá-las a tempo e a contento.
Quando alegres, tornamo-nos ainda mais perigosos, pois, nossas deficiências não permitem separar nossos sentimentos, dimensioná-los, queremos a todo custo compartilhar nossas vitórias com as pessoas a quem bem queremos. Acabamos, mesmo sem a intenção, magoando, sendo inconvenientes, abusando do direito de abusar da boa-vontade de nossos convivas.
Perdemos muitas vezes a noção do bom-senso, a capacidade de nos colocar no lugar do próximo. Com isso tudo, parte daquilo que nos predestinamos a fazer ainda antes de nossa vinda a este mundo, fica pelo caminho, deixamos de lado nossa evolução, em prol de medos, anseios e tempestades, as quais nós mesmos causamos.
Que cada um de nós reflita nestas mal-escritas linhas, analisando cautelosamente em que área sua vida está atualmente deficiente, fazendo o possível para melhorar sua estadia e convivência neste plano espiritual.


Gean Matiello (Um amigo)

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