SILÊNCIO
SILÊNCIO
Sagaz,
doce e fiel companheiro.
Será
mesmo?
Estamos
ou estaremos um dia realmente dispostos a abrir mão da convivência com as
demais pessoas, por mais complicadas que sejam as mesmas e suas atitudes, para
ousar conviver conosco mesmos, com nossos medos, anseios e agruras?
O
mesmo silêncio que nos acalenta durante o breve e necessário período de
descanso, torna-se ironicamente inquietante, dependendo da intensidade e de
onde provenha. Prova disso é a maior forma de torturas no sistema prisional, a
chamada cela ‘solitária’.
O
silêncio pode ser benéfico, quando necessário, porém, ao ser sumariamente
imposto, torna-se a mais cruel das armas, dilacera o mais resistente guerreiro.
O
silêncio carrega em si, a necessidade da quietude, mas, em contrapartida, é
permeado de ansiedade, a qual pode existir pela necessidade de ficarmos em
silêncio ou de conseguirmos nos expor, nos expressar, compartilhando dores,
desejos, anseios, dúvidas, e, porque não, alegrias, felicidades, vitórias e
certezas.
O
silêncio encarcera em si mais alguns sentimentos, alguns nobres, como a
saudade, outros vis, como a indiferença.
Tantas
vezes torna-se necessário em silêncio permanecermos, e, outras tantas, tal
exigência que nos é imposta pela vida transforma-se numa árdua e inglória
tarefa, sutil armadilha, muitas vezes extremamente perigosa.
O
silêncio é ambíguo, seja por fazer-nos tão bem, ou por nos causar tanto
sofrimento, seja por fazer de cada um de nós seu instrumento, causando tão
intensas e severas emoções, conosco ou com nossos convivas.
Mas,
há que se admitir... Nada é tão singelo quanto o silêncio universal durante uma
troca de olhares entre cúmplices, durante o abraço fraterno entre duas pessoas
que há muito não se vêem, durante o beijo quente e apaixonado daqueles que de
fato permitem-se a dádiva maior de amar.
Gean
Matiello (Um amigo)
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